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sábado, 26 de outubro de 2013

Doença dos Legionários/Legionella

Sejam mais uma vez bem-vindos, caros leitores !

            Na publicação de hoje vou abordar a temática da Doença dos Legionários, mais conhecida por Legionella.

            O nome desta doença, deriva dos acontecimentos após a Convenção da Legião Americana em 1976, no hotel Bellevue Stratford, Filadélfia, no qual 34 participantes morreram e 221 adoeceram com pneumonia.

            A Legionella é uma bactéria associada à contaminação do ar interior de edifícios, e é encontrada geralmente em ambientes aquáticos naturais e também em sistemas artificiais, tais como redes de abastecimento e/ou distribuição de água, ar condicionado e sistemas de arrefecimento.

Habitualmente, os factores que beneficiam o desenvolvimento da Legionella são:
Ø  Temperaturas da água entre os 20ºC e 45ºC, sendo o ambiente óptimo nas temperaturas 35ºC e 45ºC;
Ø  pH entre 5 e 8;
Ø  Humidade relativa superior a 60%;
Ø  Zonas de reduzida circulação de água (como reservatórios de água, torres de arrefecimento, entre outros);
Ø  Presença de outros organismos (como algas, amibas, protozoários), em águas não tratadas ou com tratamento deficiente;
Ø  Existência de um biofilme nas superfícies de contacto com a água;
Ø Utilização de materiais porosos e de derivados de silicone nas redes prediais, que potenciam o crescimento bacteriano.

            A infecção costuma transmitir-se através da inalação de gotículas de vapor de água (aerossóis)contaminadas, no entanto a ingestão da bactéria não provoca infecção nem se verifica o contágio de pessoa para pessoa.

            A Doença dos Legionários é um tipo de pneumonia que por vezes se encontra associado à "Febre de Pontiac", para além de afectar os pulmões tem efeitos em outros órgãos, manifestando-se inicialmente por febres altas, dores musculares e dores de cabeça, surgindo numa fase posterior a tosse seca e dificuldades respiratórias.
Há registo, em alguns pacientes, do desenvolvimento de diarreias, vómitos e estados de confusão/delírio. A falta de tratamento imediato e adequado poderá originar consequências fatais para os pacientes.

            O público-alvo da doença são adultos entre as idades de 40 e 70 anos, com maior incidência nos homens. Grupos de risco como fumadores, pessoas com problemas respiratórios crónicos, doentes renais e imunodeprimidos têm uma maior probabilidade de contrair esta doença.

            Os serviços de saúde pública, quando deparados com um caso de Legionella devem seguir-se por alguns passos para que consigam resolver o caso, nomeadamente:
Ø Ter conhecimento sobre o enquadramento legal e normativo sobre a matéria de qualidade do ar interior e sobre a Doença dos Legionários;
Ø Identificar todas as unidades públicas que apresentem susceptibilidades ao aparecimento e desenvolvimento da bactéria Legionella;
Ø Investigar ambientalmente e epidemiologicamente todos os casos notificados;
Ø Realizar colheitas de água para determinação de Legionella, no âmbito da investigação ambiental e epidemiológica;
Ø Sensibilizar todas as unidades públicas quanto à necessidade de existirem programas de monitorização  manutenção e prevenção da Legionella.

Para consulta posterior, o enquadramento legal e normativo disponível sobre esta temática é:
- Decreto-Lei nº 79/2006, de 4 de Abril: Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização em Edificios, disponível em:
- Circular Normativa nº 05/DEP, de 22 de Abril de 2004: Programa de Vigilância Epidemiológica Integrada da Doença dos Legionários: Notificação Clínica e Laboratorial de Casos, disponível em:
- Circular Normativa nº6/DT, de 22 de Abril de 2004: Programa de Vigilância Epidemiologica Integrada da Doença dos Legionários: Investigação Epidemiológica, disponível em:



Fontes utilizadas:

AirControl - Consultadoria em Microbiologia e Ambiente, disponível em:

Ação formativa sobre Legionella providenciada pela Unidade de Saúde Publica do Baixo Alentejo.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Águas para Utilização Recreativa

Sejam bem-vindos mais uma vez ! Hoje vou abordar o tema Águas para Utilização Recreativa.

            Designam-se por águas de utilização recreativa, as águas provenientes de piscinas e jacuzzis e visto que estes espaços são, diariamente, frequentados por um enorme número de pessoas deve haver uma atenção especial a variados perigos para a saúde pública pois existe a possibilidade de contaminação das águas, por diversos microrganismos, como por exemplo, legionella e também perigos provenientes da elevada temperatura e humidade do local no caso das piscinas e jacuzzis. São estes fatores que realçam a importância da ação do Técnico de Saúde Ambiental.

Compete à entidade de saúde, "vigiar o nível sanitário dos aglomerados populacionais, dos serviços, estabelecimentos e locais de utilização pública e determinar as medidas corretivas necessárias á defesa da saúde publica.", segundo consta no Decreto-Lei n.º 82/2009 de 2 de Abril.

Através da Circular Normativa nº 14/DA, de 21 de Agosto de 2009, temos acesso ao programa de vigilância sanitária para as piscinas proveniente da Direção Geral de Saúde, onde se pode aceder a várias noções e procedimentos, visando a avaliação da qualidade da água dos tanques, e garantido ainda a existência de planos de identificação, monotorização e controlo do risco para que se consiga evitar ou reduzir os riscos para a saúde dos utilizadores e trabalhadores destes espaços. Este programa de vigilância abrange as piscinas públicas (Tipo 1) e semi-públicos (Tipo 2), não abrangendo as piscinas de uso privado (Tipo 3) visto serem de uso exclusivamente familiar, e como tal apenas são frequentadas por um numero reduzido de pessoas.

Durante a primeira semana do corrente estágio realizaram-se colheitas de águas, nomeadamente colheita de águas de consumo humano, águas de utilização recreativa, águas de hemodialise e águas balneares interiores.
A colheita correspondente às águas de utilização recreativa, foi feita numa piscina municipal e efetuou-se análise de campo (AC), análise bacteriológica (AB) e análise físico-química (AFQ). Para realizar estas análises, são necessários os seguintes equipamentos:

·     Frasco de vidro de capacidade adequada, esterilizado e contendo uma quantidade adequada do redutor tiossulfato de sódio, para a recolha em profundidade;
·         2 cordas devidamente esterilizadas para suspensão do frasco de recolha em profundidade;
·         Frasco de polietileno de capacidade adequada, esterilizado interiormente para a recolha à superfície;
·         Frasco de polietileno de capacidade adequada para recolha das amostras de análise química;
·         Desinfetante para as mãos;
·         Toalhetes;
·         Botas descartáveis;
·         Termómetro, para medição da temperatura;
·         Fotómetro/clorímetro, para a medição de cloro residual;
·         Reagente para utilizar no fotómetro/clorímetro.


Técnica de colheita de águas de piscina

Ø  Análise de campo:

            Dentro das análises de campo, costuma-se analisar dois parâmetros, teor de pH e de cloro livre/residual. O teor de cloro residual varia consoante o valor do pH, ou seja, para um pH dentro do intervalo de 6,9-7,4 o cloro deverá estar no intervalo de 0,5-1,2 mg/L; para um pH dentro do intervalo de 7,5-8 o cloro deverá estar dentro do intervalo 1-2 mg/L.

Ø  Análise Microbiológica/Bacteriológica:

 Este Este tipotipo de colheita realiza-se em dois processos: colheita de superfície e colheita em profundidade. Para efetuar este tipo de recolha é necessários um frasco devidamente esterilizado de polietileno e um frasco e vidro que contém no seu interior tiossulfato de sódio.

1. Procedimento para colheita de água em piscinas

1.1. Colheita de superfície:
- Remover com cuidado a tampa do frasco esterilizado, junto à água;
- Encher o frasco à superfície da água, sempre voltado para a frente (o frasco não deve ser enchido totalmente);
- Fechar corretamente o frasco;
- Proceder à devida identificação da amostra na etiqueta colocada no frasco;
- Acondicionar o frasco numa mala térmica, aproximadamente a 4ºC e fazer o seu transporte até um laboratório acreditado.
O prazo entre a colheita e o inicio da análise não pode ultrapassar as 6horas.

1.2. Colheita em profundidade:
- Colocar corretamente as cordas na armação do frasco;
- Submergir o frasco à profundidade pretendida (aproximadamente 1 metro);
- Movimentar a corda que aciona a abertura do frasco (a corda que permite a entrada de água no frasco deve ser puxada apenas quando o frasco estiver completamente submerso);
- Encher o frasco, fechá-lo corretamente e retirá-lo da água;
- Identificar o frasco com a etiqueta e colocá-lo na caixa metálica;
- Colocar na mala térmica a caixa metálica que contém o frasco e transportá-los ao laboratório.
O prazo entre a colheita da água e o início da sua análise não deve ultrapassar as 6 horas e a temperatura deve ser mantida, aproximadamente entre 3 a 5oC.

Ø  Análise Físico-química:
Para realizar esta colheita é também necessário um frasco de polietileno, e é efetuada, segundo os seguintes passos:
- Retirar a tampa do frasco junto à água;
- Mergulhar o frasco numa posição vertical (o frasco deverá ficar completamente cheio);
- Retirar o frasco, fechá-lo corretamente e identificá-lo,

- Acondicionar o frasco numa mala térmica e fazer o seu transporte até ao laboratório. A temperatura de ser mantida a cerca dos 3 a 5ºC.



Fontes utilizadas:

Decreto-Lei n.º 82/2009 de 2 de Abril, disponível em:

Circular Normativa nº 14/DA, de 21 de Agosto de 2009, disponível em:

sábado, 12 de outubro de 2013

Unidade de Saúde Pública do Baixo Alentejo

Bem-vindos de novo, caros leitores, venho hoje descrever-vos a unidade onde estou a realizar este estágio !


            Ora, a Unidade de Saúde de Saúde Pública do Baixo Alentejo (USPBA) tem como "quartel general" o Centro de Saúde nº2 de Beja, que por sua vez está integrado no Agrupamento de Centros de Saúde do Baixo Alentejo.

            A USPBA tem uma área de intervenção de 8,544km2 e uma população alvo que anda à volta dos 135 105 habitantes, residentes em 13 dos concelhos do Distrito de Beja, sendo eles: Beja, Mértola, Almodôvar, Ourique, Castro Verde, Ferreira do Alentejo, Alvito, Cuba, Vidigueira, Moura, Barrancos, Serpa e Aljustrel. O concelho de Odemira, veio a tornar-se exceção, pois foi inserido no Agrupamento de Centros de Saúde do Alentejo Litoral (ACESAL).


            A "missão" desta unidade, passa por contribuir para uma melhoria significativa da saúde das populações onde intervém, e para que tal aconteça é necessário um plano que passa pela monotorização dos fatores risco e elaboração de estratégias intersectoriais de forma que haja sucesso quanto ao que a unidade se propõe.

Para que este objetivo tenha sucesso, existe uma equipa multidisciplinar e especializada, que conta com profissionais das mais variadas áreas, tais como médicos de saúde pública, técnicos de saúde ambiental, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, higienistas orais, entre outros.

Existe assim, uma articulação com as restantes unidades funcionais e hospitais, o que demonstra a capacidade organizativa e técnica da USPBA, de forma a ir ao encontro com o que está previsto nos artigos 4º e 8º do Decreto-Lei nº81/2009 que designa as regras e princípios dos serviços e as funções de natureza operativa da saúde pública.

Até à próxima publicação,

Luís Pato

Fontes utilizadas:

- "Plano de Atividades da Unidade de Saúde Pública do Baixo Alentejo para os anos 2010 - 2015";

- Decreto-Lei nº81/2009, de 2 de abril, disponível em:

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Sejam bem-vindos !

Bem-vindos, colegas/amigos !

Este blog tem como objectivo principal relatar os acontecimentos do dia-a-dia de um estagiário do Curso de Saúde Ambiental, numa Unidade de Saúde Pública !

Espero que gostem, até à próxima publicação !

Cumprimentos,

Luís Pato :)