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segunda-feira, 9 de junho de 2014

Reflexão Final

Esta publicação assinala o fim deste percurso e destas semanas nas quais decorreu o meu estágio na empresa EMAS.
Ao olhar para trás e ao tentar fazer um balanço deste estágio consigo reconhecer várias coisas. Em primeiro lugar, o projecto "Heróis da Água" (projecto que nos ocupou a maior parte do tempo de estágio) é um projecto que ainda tem muito para oferecer, embora haja alguns pormenores a nível de recursos que precisam ser mais aprimorados.
Tenho a dizer que no inicio estava a espera de tocar mais a temática do controlo e qualidade da água de consumo, mas a inserção no projecto acima referido também se revelou desafiadora pois conseguiu por à prova algumas das minhas capacidades numa área na qual não me sentia muito à vontade, entenda-se sessões de sensibilização ambiental.
Os projectos por nós propostos e postos em prática também foram desafiadores pois demonstraram confiança por parte da coordenação do estágio a nível da empresa.

Não posso deixar de agradecer a toda a equipa tanto do projecto como da empresa pela forma aberta como me recebeu. Gostaria também de agradecer aos coordenadores deste estágio, tanto a nível da empresa como a nível da escola por toda a disponibilidade prestada.

Por fim, tenho a dizer que o meu percurso está apenas agora a começar e que vejo o meu trajecto como profissional risonho graças aos conteúdos adquiridos neste e outros estágios, bem como nas unidades curriculares ao longo do curso aboradadas.

Até a uma próxima,


Luís Filipe Pato

Acções de sensibilização nas escolas

Ao longo deste estágio, estivemos integrados na equipa de divulgação do projecto "Heróis da Água". Com isto estava ao nosso encargo, em conjunto com colaboradores da empresa EMAS o desenvolvimento e aplicação dos conteúdos temáticos.
Como estagiário, participei a nível da elaboração e apresentação dos conteúdos para o 9º ano do 3º ciclo do Ensino Básico e para o 1º ciclo do Ensino Básico.
As apresentações, tanto para o 9º ano como para o 1º ciclo, estavam divididas em duas partes, sendo uma teórica e outra prática, estando à nossa responsabilidade enquanto estagiários, a parte prática.

1º Ciclo:

A sessão para os alunos do primeiro ciclo está estruturada de acordo com algumas temáticas abrangidas pelos alunos no seu programa escolar.
A sessão começa por dar conhecimento dos locais onde existe água, continuando com a ideia da distribuição da água no planeta e a disponibilidade da água potável para consumo humano.
Na parte prática, que foi aquela que pela qual estivemos responsáveis, realizámos as seguintes experiências/actividades:

Experiências:

- Filtração

 Material:

- 4 Colunas de filtração;
- 1 Saco com gravilha;
- 1 Saco com areia;
- 1 Saco com carvão ativado;
- 1 Filtro de papel;
- Copo de plástico preto;
- Terra q.b;
- Base redonda de filtro;
- Copo de plástico pequeno.

Procedimento:

1- Nas quatro colunas colocar gravilha, areia, carvão ativado e filtro de papel, respectivamente;
2- Criar uma coluna de filtração com os materiais anteriores, sendo a gravilha que fica no topo, seguido da areia e carvão ativado e por fim a coluna do papel vegetal, como se pode ver na imagem;
Figura 1 - Experiência da Filtração


3- Enche-se, até a meio, um copo de água pequeno. Adiciona-se a terra e agita-se para se obter uma mistura acastanhada.
4- Após isto, deita-se um pouco de água impura no topo da coluna de filtração, MUITO DEVAGAR. A água vai escorrer lentamente através dos filtros.


Explicação:

Cada secção da coluna de filtração retira partículas da água purificando-a.
Os diferentes filtros retiram partículas de tamanhos diferentes.
Os grãos de areia e a gravilha têm pequenos espaços entre eles. Isto deixa a água passar através deles, mas retém partículas que estão na água.
Os grânulos de carbono são feitos de um material chamado carvão ativado.
Os químicos da água agarram-se à superfície do carbono e são removidos da água.
Este processo é designado por absorção. Os filtros de papel têm orifícios mínimos entre as suas fibras.
A água pode pingar através deles, mas as partículas maiores que estes orifícios são apanhadas. Este filtro em coluna demonstra os princípios utilizados pelos sistemas produtivos de tratamento da água, que fornecem a água potável para as nossas casas.
Nos sistemas produtivos de tratamento da água o processo de filtração é mais avançado e são adicionados químicos à água para assegurar que esta é potável e portanto, segura para ser bebida.


Actividades:

-Qual o uso que damos à água – Esta actividade tem como objectivo mostrar aos alunos as tarefas domésticas onde por norma se gasta mais água e dicas de como podemos poupar.

Figura 2 - Roda da água



-Mural de boas práticas – Com este mural tínhamos a finalidade de criar dicas de boas práticas de poupança de água, sendo que os alunos construíam as suas próprias dicas de poupança de água.

Figura 3 - Mural de boas práticas

9º ano:

A sessão apresentada no 9º ano vai ao encontro com as matérias leccionadas neste ano. A parte teórica da sessão começa pelo ciclo urbano da água, onde se explica todo o processo desde da captação até à chegada das nossas casas. Fala-se também dos fontanários e dos perigos de consumir água não tratada. Passamos pelas dicas de poupança de água e falamos também um pouco sobre a água virtual, ou seja, a água que é necessária para produzir alimentos, roupas, entre muitas coisas do nosso dia-a-dia.
Como participantes nas acções fazemos mais uma vez toda a parte prática, sendo que neste ano as atividades passam por uma colheita de água e toda a explicação do procedimento e medição de parâmetros e preenchimento de ficha de campo.

Figura 4 - Medição de parâmetros

A acção de 9º está aqui disponibilizada:




Pode-se por fim concluir que em todas as sessões a mensagem que se queria passar era muito idêntica, ou seja, a única coisa que variava, ou não, era de acordo com o grau de escolaridade iria assim mudar as temáticas a serem abrangidas.
Como tal, os assuntos abordados foram os seguintes: 

- Descrição do ciclo da água;
- Descrição do ciclo urbano da água (concelho de Beja);
- Apresentação de microrganismos presentes em águas contaminadas (sem tratamento);
- Experiências com água;
- Sensibilização do consumo de água tratada;
- Sensibilização para o uso eficiente da água;
- Dicas para poupar água;
- Valor ambiental da água;
- Valor económico da água;

- Consumo seguro da água.



sábado, 7 de junho de 2014

"Basta tocar para desligar" - Dia Mundial da Terra

Como forma de celebrar o Dia Mundial da Terra, decidimos aplicar na empresa, na qual estagiámos, o projecto "Basta tocar para desligar".
Este projecto surgiu como uma forma prática de sensibilizar os trabalhadores da empresa EMAS para a utilização sustentável da energia e alertar para todos os custos que advém de uma utilização irreflectida dos recursos que estão à nossa disponibilidade.
Para nós podermos consumir energia na forma de electricidade, significa que as empresas que nos fornecem essa electricidade estão a consumir alguns recursos não renováveis como carvão e petróleo, o que implica a produção e emissão para a atmosfera de CO2. Estas emissões têm um impacto a nível ambiental muito significativo, já para não falar no prejuízo a nível financeiro do próprio país.

Posto isto, torna-se imperativo a todos os cidadãos e instituições, pensar de forma "green", ou seja, através de uma mentalidade voluntária e principalmente activa contribuir de forma a diminuir as emissões de CO2 para a atmosfera.

Figura 1 - Autocolantes aplicados no âmbito do projecto, e locais onde se identificou a necessidade de intervenção sendo eles os ecrãs dos computadores, os comandos do ar condicionado e os interruptores da luz. 

Ficam aqui algumas dicas referentes ao consumo eficiente de energia, retiradas do Manual de Boas Práticas do Ministério da Saúde, manual esse que surge no Âmbito do Plano Estratégico de Baixo Carbono:

- Desligar a iluminação artificial em zonas em que existe iluminação natural suficiente para as actividades desenvolvidas;

- No final do dia de trabalho, desligar os equipamentos locais (computadores, sistemas de ar condicionado, impressoras, fotocopiadoras e outros equipamentos) que não estejam a ser utilizados;

-Não deixar as janelas e portas de zonas climatizadas abertas, designadamente quando na fronteira com zonas não climatizadas;

-Regulação adequada dos equipamentos de climatização locais, quando regulados pelos utilizadores;

-Configurar computadores para o modo de poupança de energia, após 15 minutos de inactividade.


É de extrema importância referir que este projecto, por nós adaptado e aplicado teve origem num outro trabalho de alunos do IV Curso de Licenciatura em Saúde Ambiental, do qual foi adoptado não só a estrutura, como também âmbito, o nome e a metodologia.



Fontes:

- Projecto "Basta tocar para desligar", dos alunos do IV Curso de Lcenciatura em Saúde Ambiental.

- Manual de Boas Práticas do Ministério da Saúde, no Âmbito do Plano Estratégico de Baixo Carbono, disponivel em: 

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Dia Mundial da Saúde

Como forma de comemorar o Dia Mundial da Saúde, organizámos na empresa EMAS uma ação de sensibilização de forma a chamar a atenção ao consumo excessivo de açúcares.
Como tal, retirámos os bolos do bar e substituímos por fruta, e utilizámos cartões individuais com uma explicação com os benefícios do consumo regular de peças de fruta.

No final do dia, podemos concluir que em geral houve aderência por parte dos colaboradores da empresa, pois não só aderiram à iniciativa como também nos deram um feedback positivo através da discussão deste tema.

Figura 1 - Os bolos (dia normal) / Frutas (Dia Mundial de Saúde)
A Direção Geral de Saúde (DGS) elaborou, no contexto do Programa Nacional de Promoção da Alimentação Saudável, vários boletins informativos com conselhos sobre a alimentação. No boletim referente ao consumo de açúcares podemos ler que "o consumo de açúcar em quantidade superior às necessidades é um dos principais factores que contribui para o aparecimento de obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes, cárie dentária e de alguns tipos de cancro".
Como sabemos, alguns alimentos apresentam na sua constituição original açúcar suficiente para satisfazer as necessidades nutricionais que o organismo necessita, como tal a adição de açúcar aos alimentos durante o processo no qual são fabricados ou mesmo no acto do consumo devem ser evitada.
No mesmo boletim podemos ainda ler alguns dos conselhos que se seguem:

- Reduza a quantidade de açúcar das receitas das preparações culinárias que usam açúcar;
- Habitue-se a sabores naturais, como por exemplo: iogurte natural, leite simples, entre outros;
- Dê preferência à água em vez de bebidas às quais foi adicionado açúcar;
- Evite o consumo de guloseimas (gomas, rebuçados, chocolates…);
- No momento de escolher a sobremesa opte por uma peça de fruta;
- Opte pelo consumo de lanches saudáveis;
- Leia os rótulos dos alimentos e opte por produtos alimentares que apresentam, na sua composição, menor teor de açúcares;
- Dê preferência a bolos secos, evitando os que apresentam coberturas/recheio com cremes.

Fontes:


segunda-feira, 2 de junho de 2014

Trabalho sobre fontanários do concelho de Beja

Introdução

Este trabalho foi-nos proposto com o intuito de ser possível classificar quatro fontanários do concelho de Beja quanto a alguns parâmetros que podem por em causa a saúde do consumidor, e também procurar justificação para os valores encontrados com base na zona envolvente dos fontanários. Estes fontanários foram relacionados com base na frequência de utilização e proximidade.
Ao longo deste trabalho vamos fazer referência também à natureza e efeitos e prejuízos associados aos parâmetros organolépticos e físico-químicos encontrados, comparando os valores obtidos, tanto nas análises de laboratório como nas análises em campo, com a legislação em vigor.


Enquadramento Legal

Nos dias que correm muitas são as pessoas que ainda recorrem a fontanários para recolher água para consumo humano, a convicção que existe ainda é que a água destes pontos é de boa qualidade e muitos pensam que têm efeitos terapêuticos.
Este trabalho tem como objectivo avaliar a água de quatro fontanários do concelho de Beja e comparar com a legislação em vigor, Decreto-Lei 306/2007, de 27 de Agosto, e tentar perceber se os parâmetros analisados estão dentro  dos limites e se esta água é realmente própria para consumo humano. É importante referir que a água de fontanários não sofre qualquer tipo de tratamento.


Colheitas de água
Data da colheita: 10/03/2014

Numa primeira visita aos locais foram efectuadas colheitas de água, que posteriormente foram encaminhadas para o laboratório. As colheitas efectuadas tinham como objectivo as:

Análises Microbiológicas;

Figura 1 - Frascos para colheita de parâmetros microbiológicos

Análises Físico-químicas;

Figura 2 - Frascos para colheita de parâmetros Físico-químicos

- Análises à dureza da água;

Figura 3 - Frascos para colheitas à dureza da água

- Análises a metais

Figura 4 - Frascos para colheitas a metais

O acondicionamento dos frascos é feito numa mala térmica que permita o transporte até ao laboratório, mantendo uma temperatura constante e adequada.

Figura 5 - Mala térmica

Os parâmetros que se determinaram no local no seguimento desta colheita foram a temperatura e o cloro residual livre (para despiste de tratamento e desinfecção).

Figura 6 - Análise de parâmetros

Numa segunda visita foram efectuadas análises de campo aos seguintes parâmetros: Cloro residual livre, condutividade, pH, nitratos e temperatura.


Data da colheita: 27/3/2014

- Cloro residual livre

O recurso ao cloro, utilizado como desinfectante no controlo da contaminação microbiana da água de abastecimento para consumo humano, é a técnica geralmente mais utilizada pelos distribuidores de água.
A aplicação de cloro é feita até se atingir o chamado ponto de equilíbrio (break point), ou seja, o cloro é adicionado à água, reagindo com alguns dos compostos presentes mas permanecendo uma fracção de cloro residual, destinada a garantir que o desenvolvimento de microrganismos não se virá a verificar posteriormente, ao longo do percurso desde a estação de tratamento até ao consumidor. O consumidor, tendo embora sensibilidade diferente quanto ao sabor e cheiro a cloro que o tratamento provoca, não aceita facilmente o "sabor a lixívia".

Efeitos e prejuízos associados

Normalmente, não são referidos grandes episódios de toxicidade para o ser humano, face às quantidades de cloro presentes na água para consumo humano. Algumas colites e acidentes patológicos poderão estar ligados a essa situação. Contudo, o cloro residual desaparece rapidamente no tubo digestivo pela ação conjugada da saliva e do suco gástrico. O limiar do sabor na água situa-se em geral na proximidade de 0,2 mg/L. 

Figura 7 – Colorímetro - Pocket II Cl2

- Condutividade

A condutividade eléctrica de uma água permite avaliar, de uma forma rápida e global, o seu grau de mineralização. Este facto resulta da relação existente entre o teor em sais minerais dissolvidos na água e a resistência que ela oferece à passagem da corrente electrónica. Essa resistência pode ser expressa quer pela resistividade, quer pela condutividade, inversa da primeira. Além de depender do quantitativo de substâncias solubilizadas na água, em geral da forma iónica, ela varia, também, com a temperatura.
A origem desses sais é diversa. Parte por resultar de processos de lixiviação dos solos, tal como carbonatos, bicarbonatos, sulfatos, cloretos, nitratos ou outros solúveis, de cálcio, magnésio, sódio, potássio entre outros metais. Outra parte pode provir de efluentes e resíduos agrícolas e/ou industriais, que contaminam essas águas. No caso das águas superficiais, pode ainda verificar-se a contaminação dessas massas de águas por sais, veiculados por via atmosférica.

Efeitos e prejuízos associados

A condutividade não representa, em si mesma, um problema para a saúde do consumidor, desde que os limites máximos não sejam atingidos, dado o seu carácter não especifico.
Contudo, alguns dos componentes podem, em função da sua natureza e características especificas, originar riscos para esse mesmo consumidor.
Uma mineralização elevada da água pode traduzir-se sob a forma de sabores desagradáveis, de processos de corrosão, ou de formação de depósitos.
Obviamente que a condutividade afecta profundamente a capacidade de uso de uma determinada água para fins não de consumo, como, por exemplo, para rega ou para usos industriais.

Figura 8 – Medidor de Condutividade e Temperatura - M198311

- pH

O pH de uma água representa uma medida da sua acidez (ou da sua alcalinidade), traduzida pela concentração de hidrogeniões e influenciada pelo carácter tampão que lhe confere.

Efeitos e prejuízos associados

Os efeitos do pH da água de consumo, atendendo à gama de variação e observada, não têm (aparentemente) efeitos directos sobre a saúde do consumidor.
O seu controlo é, porém, importante, no que respeita, por exemplo, ao controlo da corrosão e da dissolução de metais e à formação de incrustações, em canalizações e acessórios com os quais a água contacta.
Além disso, são relevantes as inter-relações com o ciclo do cálcio e parâmetros associados: anidrido carbónico, dureza, alcalinidade, temperatura, cálcio e magnésio.
Valores do pH inferiores a 7 (ácidos) podem originar processos por vezes graves de corrosão de tubagens metálicas, que eventualmente se traduzem depois da existência de teores elevados de chumbo, cádmio, ou de outros metais pesados, presentes por essa causa nas águas de consumo.
Quando os valores de pH são superiores a 8 (alcalinos), alguns inconvenientes são previsíveis. Assim, a eficiência da desinfecção pode ser diminuída, por alteração das formas de cloro presentes, pode ser aumentada a formação de incrustações e podem desenvolver-se sabores ou cheiros intensos, desaconselháveis, do ponto de vista do consumo.

Figura 9 – Medidor de pH e Temperatura - M198127

- Nitratos

Considera-se os nitratos um dos constituem, por um lado, um componente essencial à formação da biomassa das plantas e animais, e, por outro lado, funcionam como um poluente importante das águas superficiais e subterrâneas, utilizadas para produzir água para consumo humano.
Os múltiplos e variados compostos azotados ligados à vida, tais como proteínas, aminoácidos, ácidos nucleicos, etc., dão lugar, em meios arejados, no decurso dos processos biodegradativos, à formação de compostos progressivamente mais oxidados, que culminam nos nitratos.

 Efeitos e prejuízos associados

A presença de teores elevados de nitritos e nitratos na água para consumo humano pode originar problemas sanitários graves, nomeadamente no caso de bebés, que não têm ainda os sistemas enzimáticos completamente desenvolvidos. Desde há bastantes anos que são conhecidos casos de uma doença designada por "metahemoglobinémia infantil", devida ou à ingestão de alimentos ricos em nitratos, ou preparados com águas onde os teores naqueles compostos sejam elevados (superiores a 50mg/L). O problema é, contudo, mais complexo, uma vez que são também conhecidos acidentes com teores mais baixos, devido a predisposição genética de algumas crianças.
Contudo, é importante ter em conta que a situação não está diretamente ligada aos teores em nitratos, mas sim aos teores de nitritos deles resultantes por um processo de redução. São estes que se associam a hemoglobina, formando um complexo estável. A sua hidrólise depende da atividade de uma enzima específica, que nos mamíferos jovens não atinge os níveis adequados. Daí um bloqueio, ao nível de reoxidação da carboxihemoglobina, do qual pode resultar a morte dos bebés por asfixia, acompanhada por uma coloração azul característica (cianose).

Figura 10 – Medidor de Nitratos - DR820

- Temperatura

A temperatura de uma água potável deverá ser, no inverno, superior à temperatura do ar, e no verão inferior àquele valor. Os valores afixados dependem, por isso da região considerada. No caso de Portugal, adoptaram-se os valores de 12ºC e de 25ºC, embora existam variações dos valores reais em torno dos valores "teóricos".

Efeitos e prejuízos associados

A temperatura da água, situando-se nos limites de variação anteriores no momento do consumo, não tem efeitos directos na saúde do homem.
O uso de uma água cuja temperatura se situe abaixo de 12ºC tem, a nível de tratamento, alguns inconvenientes, nomeadamente porque diminui a eficiência da desinfecção, aumenta a viscosidade da água e diminui as velocidades de sedimentação e de filtração.
Se, pelo contrário, a temperatura da água for superior ao desejável, o crescimento microbiano é acelerado, podendo induzir problemas de formação de sabores e gostos anormais, ou de corrosão das tubagens e equipamentos.
Além disso, diminui o valor do pH óptimo para a floculação, e pode aumentar a taxa de formação de trihalometanos, ao aplicar-se cloro à água, na presença de resíduos de matéria orgânica.

Figura 11 – Medidor de Temperatura - HI 9812

Caracterização dos locais e análise de resultados:

Penedo Gordo - Cavadas

De acordo com o boletim de análise do fontanário em questão, os resultados cumprem com os Valores Máximos Admissíveis estabelecidos no Decreto-Lei 236/98, 1 de Agosto, mas comparado com o Decreto-Lei 306/2007, de 27 de Agostosendo este o decreto que regula a qualidade da água para a água de consumo humano os resultados apresentados a negrito são incumprimentos.


A presença de bactérias coliformes mostra que esta água tem contaminação fecal o que a torna inaceitável para consumo humano. É importante referir que esta água não sofre qualquer tipo de tratamento.

Os resultados das análises de campo apresentam-nos os seguintes valores:

Cloro Residual Livre: 0 mg/l
Nitratos: 31.874 mg/l NO3
Temperatura: 17,6º C
Condutividade: 335µS/cm
pH: 7,56

NOTA: Como esta água não sofre tratamento a presença de cloro vai ser nula, sendo este um desinfectante como já foi antes referido.

Caracterização da zona:

A zona onde está inserido o fontanário é uma área maioritariamente agrícola, com focos de contaminação não detectados. No entanto a justificação da presença de Bactérias coliformes pode dever-se à forma como aqueles campos são fertilizados (estrume). É importante referir que não existe sinalização onde avise a população do controlo da água nem nenhuma proibição quanto ao consumo da mesma.

Figura 12 - Zona envolvente - área agrícola
Figura 13 Ponto de colheita

Figura 14 - Zona envolvente - arranjo exterior

Figura 15 – Zona envolvente - linha de água

Santa Clara do Louredo - Fonte do Anjo

De acordo com o boletim de análise do fontanário em questão, os resultados não cumprem com os Valores Máximos Admissíveis estabelecidos no Decreto-Lei 236/98, 1 de Agosto. O parâmetro que está fora do que está estabelecido na legislação é Nitratos. Comparado com o Decreto-lei 306/07, de 27 de Agosto, sendo este o decreto que regula a qualidade da água para a água de consumo humano os resultados apresentados a negrito são incumprimentos.


De acordo com o Decreto, que regula os parâmetros da água para consumo humano, a presença de nitratos acima de 50 mg/l pode  associar-se a problemas sanitários graves, nomeadamente no caso dos bebés, que não têm ainda os sistemas enzimáticos completamente desenvolvidos. Em relação às bactérias coliformes, como já foi referido, no Decreto-Lei nº306/2007 regula que não pode haver presença destes na água e neste caso encontram-se 12 UFC/100 ml o que representa contaminação fecal. A água deste fontanário é impropria para consumo humano.

Os resultados das análises de campo apresentam-nos os seguintes valores:

Cloro Residual Livre: 0 mg/l
Nitratos: 29,218 mg/l NO3
Temperatura: 17,9º C
Condutividade: 921 µS/cm
pH: 7,15

(NOTA: a análise a que o boletim se refere realizou-se num dia diferente do dia das análises de campo)

Caracterização da zona:

A zona envolvente deste fontanário é maioritariamente agrícola campos de hortas e pastagem de animais, e como já foi referido anteriormente a explicação de se encontrar contaminação fecal pode dever-se ao facto ou de utilizarem fertilizantes naturais, o estrume ou até mesmo por dejectos animais. Existe alguma poluição tanto na zona envolvente, poluição que também se verifica na própria água.
Sendo os nitratos um componente essencial à formação da biomassa das plantas e animais, é, por outro lado, funcionam  um poluente importante das águas superficiais e subterrâneas
No que toca a sinalização, existe aquela que nos informa de que a água em questão não é controlada, e existe ainda uma proibição para lavagem de carros.

Figura 16 - Sinalização

Figura 17 – Ponto de colheita

Figura 18 - Zona envolvente - criação de animais

Figura 19 Zona envolvente

Figura 20 Zona envolvente - lavadouro
 Salvada - Fontes Velhas

De acordo com o boletim de análise do fontanário em questão, os resultados não cumprem com os Valores Máximos Admissíveis estabelecidos no Decreto-Lei 236/98, 1 de Agosto. O parâmetro que está fora do que está estabelecido na legislação é Nitratos. Comparado com o Decreto-lei 306/07, de 27 de Agosto, sendo este o decreto que regula a qualidade da água para a água de consumo humano os resultados apresentados a negrito são incumprimentos.


A presença de  Bactérias coliformes e de  E.coli  na água deste fontanário indica que existe uma contaminação fecal. Os microorganismos viáveis a 22ºC e a 37º C, não significam que  exista má qualidade da água, pois estes indicam se o tratamento é eficaz ou não, mas neste caso não existe qualquer tipo de tratamento. Os nitratos acima de 50 mg/l pode  associar-se a problemas sanitários graves.

Os resultados das análises de campo apresentam-nos os seguintes valores:

Cloro Residual Livre: 0 mg/l
Nitratos: 46,040 mg/l NO3
Temperatura: 16,7º C
Condutividade: 999 µS/cm
pH: 7,25

NOTA: a análise a que o boletim se refere realizou-se num dia diferente do dia das análises de campo

Caracterização da zona:

A zona envolvente a este fontanário é composta basicamente por habitações e pequenos campos agrícolas, estando ligeiramente poluída. Este fontanário está sinalizado quanto ao facto da água não ser controlada. Se existe contaminação fecal, ou existe campos agrícolas onde são utilizados fertilizantes de naturais ou pode existir pastagens próximas à linha de água, contaminando-a.

Figura 21 - Sinalização

Figura 22 - Zona envolvente

Figura 23 - Zona envolvente (traseiras do fontanário)

Figura 24 -Ponto de colheita

Santa Clara do Louredo - Poço da Malta

De acordo com o boletim de análise do fontanário em questão, os resultados cumprem com os Valores Máximos Admissíveis estabelecidos no Decreto-Lei 236/98, 1 de Agosto. Comparado com o Decreto-lei 306/07, de 27 de Agosto, sendo este o decreto que regula a qualidade da água para a água de consumo humano os resultados apresentados a negrito são incumprimentos.


Neste fontanário ressalta a má qualidade da água observada pois existe em quantidades significativas a presença de Bactérias coliformesE. coliClostridium perfringens e Enterococos sendo estes os microrganismos mais resistentes fora do hospedeiro e mais susceptíveis de serem transmitidos pela água.

Os resultados das análises de campo apresentam-nos os seguintes valores:
 Cloro Residual Livre: 0,02 mg/l
Nitratos: 44,713 mg/l NO3
Temperatura: 17,4º C
Condutividade: 724 µS/cm
pH: 7,27

NOTA: a análise a que o boletim se refere realizou-se num dia diferente do dia das análises de campo

Caracterização da zona:
A zona envolvente a este fontanário são campos agrícolas e uma IP e está muito poluída. Existe a sinalização de que a água é imprópria para consumo.

Figura 25 - Sinalização

Figura 26 - Zona envolvente

Figura 27 - Ponto de colheita

Conclusão

Tendo concluído este trabalho, podemos afirmar que hoje em dia ainda é necessário atuar muito na mudança de mentalidades quanto à água adequada para o consumo humano, isto é, é necessário informar as pessoas dos riscos reais que existem para a saúde quando consomem água sem tratamento.
A falta de legislação em torno das águas de nascentes naturais constitui uma das principais responsáveis pela má qualidade destes recursos hídricos.
Este estudo foi feito em quatro fontanários do conselho de Beja, apesar da amostra não ser representativa do concelho é de se esperar que a grande maioria dos fontanários não possui qualidade adequada para consumo humano.
Conseguimos chegar à conclusão de que como futuros Técnicos de Saúde Ambiental, cabe-nos a nós trabalhar tanto para o aumento do controlo sobre estas águas impróprias para consumo, como também para a educação das pessoas, de forma a incutir hábitos e boas práticas não só no que toca ao consumo de água própria, como também para outras temáticas relacionadas com a saúde pública.

NOTA: Após a conclusão do trabalho, as Juntas de Freguesia dos respectivos fontanários foram avisadas com o resultado das análises e com a chamada de atenção para a importância de colocação de placas com o aviso de que aquela água é imprópria para consumo e onde a empresa EMAS se disponibilizou para o fornecimento das mesmas.


Fontes:

EMAS Laboratório
MENDES, Benilde; OLIVEIRA, J.F. Qualidade da água para consumo humano. Lisboa: LIDEL, 2004