O REVIVE - Rede de
Vigilância de Vetores, surgiu no ano de 2007 essencialmente da necessidade de
instalar capacidades para melhorar o conhecimento sobre espécies de vetores
existentes no nosso país, a sua distribuição e abundância e ainda clarificar o
seu papel como possível vetor de doenças. No ano de 2008, foi estabelecido um
protocolo entre a Direcção Geral de Saúde (DGS), as Administrações Regionais de
Saúde e ainda o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge com o intuito de
analisar o nível de risco associado à presença de mosquitos (culicídeos), em
Portugal.
Este mesmo protocolo,
sofreu uma revisão no ano de 2010 e alargou ainda a vigilância às carraças (ixodídeos).
O REVIVE permite de forma contínua cumprir os
seguintes objectivos:
- Vigiar a atividade de artrópodes hematófagos, caracterizar as espécies
e a ocorrência sazonal em locais previamente selecionados;
- Identificar agentes patogénicos importantes em Saúde Pública
transmitidos por estes vetores;
- Emitir alertas para a adequação das medidas de controlo, em função da
densidade dos vetores e do nível de infeção.
Durante o presente estágio, tive a
oportunidade de participar em todo o processo da colheita de mosquitos (culicídeos),
como também assistir ao acondicionamento, e posterior expedição das amostras
recolhidas para o CEVDI (Centro de Estudos de Vetores e Doenças Infecciosas).
Os mosquitos (culicídeos), têm um ciclo de
vida que engloba uma fase aquática (ovos, larva, pupa) e uma fase aérea que
corresponde ao mosquito já adulto.
Para um desenvolvimento favorável, o
mosquito necessita de condições favoráveis tais como a presença de água (pois
constitui o meio pelo qual completa o seu ciclo evolutivo) e ainda uma
temperatura óptima situada entre os 25ºC e os 30ºC +ara que haja um aumento
mais rápido da descendência (dai existir a tendência para que haja um aumento
da população de culicídeos na primavera e no verão).
As fêmeas possuem um aparelho bucal
adaptado para que possa sugar sangue de animais vertebrados, desta forma
tornam-se vetores importantes na transmissão de agentes patogénicos (malária, febre-amarela,
dengue), e por isso
devem ser alvo de maior controlo e vigilância.
No caso especifico da minha experiência na
recolha de culicídeos, esta realizou-se local estrategicamente posicionado de
um jardim público.
Utilizou-se uma armadilha CDC, dotada de
uma luz para atrair os mosquitos, onde são sugados para dentro do recipiente
colector. Outro "chamariz" dos mosquitos, é o gelo seco, que actua
por libertação de dióxido de carbono, visto que os mosquitos localizam os
hospedeiros através do dióxido de carbono libertado durante a respiração.
Material
utilizado:
- Armadilha CDC e recipiente colector;
- Bateria carregada;
- Gelo seco;
- Termo-higrómetro.
Método de
colheita:
1. Produzir o gelo seco necessário à colheita;
2. Colocar a armadilha antes do pôr-do-sol com o
recipiente colector e ligar à bateria;
3. Verificar se as portas metálicas basculantes da
armadilha se encontram na posição fechada e testar várias vezes se abrem e
voltam à posição inicial;
4. Colocar o termo-higrómetro. Anotar os dados
importantes no boletim de colheita (tipo de habitat, proximidade de água, entre
outros);
5. Colocar o recipiente de gelo seco na proximidade da
armadilha (se for um saco de plástico deve-se fazer um furo);
6. Na manhã do dia seguinte, após o
nascer do sol, recolher com cuidado o recipiente colector, evitando fugas dos
mosquitos capturados. Registar os dados relativos à temperatura e humidade
relativa no boletim de colheita.
Expedição das
amostras:
No que toca à parte da expedição das
amostras, estas foram inicialmente acondicionadas em recipientes estanques, em
seguida foram colocados numa caixa térmica em esferovite, com um
termoacumulador e enviados por correio para o CEVDI, juntamente
com os boletins de colheita.
No que toca ao conteúdo funcional do
Técnico de Saúde Ambiental, o programa REVIVE insere-se no que está previsto no
artigo 1º do Decreto-Lei nº 117/95, de 30 de maio (referente ao conteúdo
funcional do Técnico de Saúde Ambiental), onde se pode ler que "o Técnico de higiene e saúde ambiental
atua no controlo sanitário do ambiente, cabendo-lhe detetar, identificar,
analisar, prevenir, e corrigir os riscos ambientais para a saúde, atuais ou
potenciais que possam ser originados por fenómenos naturais".
Desta forma, o Técnico de Saúde Ambiental,
tem como objectivo desenvolver as acções de colheita, armazenamento e expedição
das amostras colhidas para as entidades creditadas, nomeadamente o Instituto
Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge e Centro de Estudos de Vetores e Doenças
Infecciosas (CEVDI), para que sejam posteriormente estudadas e analisadas, como
forma a contribuir para a avaliação do risco de desenvolvimento de vetores e da
transmissão de doenças que possam apresentar relevância no que toca à saúde
pública, bem como proteger ainda a saúde das comunidades através da divulgação de
quaisquer medidas preventivas que potenciem a diminuição da população de
vetores, minimizando desta forma o risco associado.
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