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segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Programa REVIVE - Rede Nacional de Vigilância de Vetores

O REVIVE - Rede de Vigilância de Vetores, surgiu no ano de 2007 essencialmente da necessidade de instalar capacidades para melhorar o conhecimento sobre espécies de vetores existentes no nosso país, a sua distribuição e abundância e ainda clarificar o seu papel como possível vetor de doenças. No ano de 2008, foi estabelecido um protocolo entre a Direcção Geral de Saúde (DGS), as Administrações Regionais de Saúde e ainda o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge com o intuito de analisar o nível de risco associado à presença de mosquitos (culicídeos), em Portugal.
Este mesmo protocolo, sofreu uma revisão no ano de 2010 e alargou ainda a vigilância às carraças (ixodídeos).
O REVIVE permite de forma contínua cumprir os seguintes objectivos:

  • Vigiar a atividade de artrópodes hematófagos, caracterizar as espécies e a ocorrência sazonal em locais previamente selecionados;
  • Identificar agentes patogénicos importantes em Saúde Pública transmitidos por estes vetores;
  • Emitir alertas para a adequação das medidas de controlo, em função da densidade dos vetores e do nível de infeção.
Durante o presente estágio, tive a oportunidade de participar em todo o processo da colheita de mosquitos (culicídeos), como também assistir ao acondicionamento, e posterior expedição das amostras recolhidas para o CEVDI (Centro de Estudos de Vetores e Doenças Infecciosas).
Os mosquitos (culicídeos), têm um ciclo de vida que engloba uma fase aquática (ovos, larva, pupa) e uma fase aérea que corresponde ao mosquito já adulto.
Para um desenvolvimento favorável, o mosquito necessita de condições favoráveis tais como a presença de água (pois constitui o meio pelo qual completa o seu ciclo evolutivo) e ainda uma temperatura óptima situada entre os 25ºC e os 30ºC +ara que haja um aumento mais rápido da descendência (dai existir a tendência para que haja um aumento da população de culicídeos na primavera e no verão).
As fêmeas possuem um aparelho bucal adaptado para que possa sugar sangue de animais vertebrados, desta forma tornam-se vetores importantes na transmissão de agentes patogénicos (malária, febre-amarela, dengue), e por isso devem ser alvo de maior controlo e vigilância.

No caso especifico da minha experiência na recolha de culicídeos, esta realizou-se local estrategicamente posicionado de um jardim público.
Utilizou-se uma armadilha CDC, dotada de uma luz para atrair os mosquitos, onde são sugados para dentro do recipiente colector. Outro "chamariz" dos mosquitos, é o gelo seco, que actua por libertação de dióxido de carbono, visto que os mosquitos localizam os hospedeiros através do dióxido de carbono libertado durante a respiração.

Material utilizado:
- Armadilha CDC e recipiente colector;
- Bateria carregada;
- Gelo seco;
- Termo-higrómetro.

Método de colheita:
1. Produzir o gelo seco necessário à colheita;
2. Colocar a armadilha antes do pôr-do-sol com o recipiente colector e ligar à bateria;
3. Verificar se as portas metálicas basculantes da armadilha se encontram na posição fechada e testar várias vezes se abrem e voltam à posição inicial;
4. Colocar o termo-higrómetro. Anotar os dados importantes no boletim de colheita (tipo de habitat, proximidade de água, entre outros);
5. Colocar o recipiente de gelo seco na proximidade da armadilha (se for um saco de plástico deve-se fazer um furo);
6. Na manhã do dia seguinte, após o nascer do sol, recolher com cuidado o recipiente colector, evitando fugas dos mosquitos capturados. Registar os dados relativos à temperatura e humidade relativa no boletim de colheita.

Expedição das amostras:
No que toca à parte da expedição das amostras, estas foram inicialmente acondicionadas em recipientes estanques, em seguida foram colocados numa caixa térmica em esferovite, com um termoacumulador e enviados por correio para o CEVDI, juntamente com os boletins de colheita.


No que toca ao conteúdo funcional do Técnico de Saúde Ambiental, o programa REVIVE insere-se no que está previsto no artigo 1º do Decreto-Lei nº 117/95, de 30 de maio (referente ao conteúdo funcional do Técnico de Saúde Ambiental), onde se pode ler que "o Técnico de higiene e saúde ambiental atua no controlo sanitário do ambiente, cabendo-lhe detetar, identificar, analisar, prevenir, e corrigir os riscos ambientais para a saúde, atuais ou potenciais que possam ser originados por fenómenos naturais".
Desta forma, o Técnico de Saúde Ambiental, tem como objectivo desenvolver as acções de colheita, armazenamento e expedição das amostras colhidas para as entidades creditadas, nomeadamente o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge e Centro de Estudos de Vetores e Doenças Infecciosas (CEVDI), para que sejam posteriormente estudadas e analisadas, como forma a contribuir para a avaliação do risco de desenvolvimento de vetores e da transmissão de doenças que possam apresentar relevância no que toca à saúde pública, bem como proteger ainda a saúde das comunidades através da divulgação de quaisquer medidas preventivas que potenciem a diminuição da população de vetores, minimizando desta forma o risco associado.

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